sexta-feira, 25 de setembro de 2015

RESUMO DO LIVRO: MÉTODO SOCIOLINGUÍSTICO




UM CAMINHO PARA ALFABETIZAR COM QUALIDADE

O livro o método sociolinguístico foi criado a partir da realidade da sala de aula, para oferecer subsídios para o professor desenvolver, passo a passo, uma alfabetização conscientizadora, despertada pelo senso crítico e pela reflexão.  Entende- se Método como sistematização e organização do trabalho docente. É "Sócio", porque desenvolve efetivamente o diálogo no contexto social de sala de aula, e é "Linguístico" por trabalhar o que é específico da língua: a codificação e decodificação de letras, sílabas, palavras, texto, contexto, e desenvolver as habilidades para ler e escrever.
 Medonça e Medonça, os autores de “Alfabetização Método Sociolinguistico: Consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire” reinventaram o Método Paulo Freire, associando atividades dos níveis pré-silábico, silábico e alfabético, decorrentes da Psicogênese da língua escrita, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, com o método Freireano, apontando um caminho seguro para uma alfabetização de qualidade para crianças, jovens e adultos. Este método trabalha com o diálogo em sala de aula, onde as crianças vão aprender dialogando, dentro de um contexto que parte da realidade dos educandos, do mundo dos alunos.  O objetivo desse livro é mostrar como ensinar crianças, jovens e adultos a ler e escrever com eficiência, transformando-os em sujeitos críticos, formando o cidadão para que ele use a leitura e a escrita como instrumento social para construir uma sociedade mais justa.
No primeiro capítulo os autores trazem um breve histórico dos métodos de alfabetização que foram criados e utilizados ao longo da história, relatando a evolução, analisando cada um dos métodos. Eles trazem a história da alfabetização dividida em três períodos: a Antiguidade e a Idade Média, quando predominou o método da soletração; o segundo período inicia com a oposição ao método da soletração, se caracterizou pela criação de novos métodos sintéticos e analíticos; e o terceiro período que foi marcado pelo questionamento e refutação da necessidade de se associar os símbolos da escrita com os sons da fala, iniciado com a divulgação da teoria da Psicogênese da Língua Escrita.  A cada novo método criado os pensadores e pesquisadores questionavam a eficácia e as dificuldades dos mesmos e a partir desses questionamentos eram criados novos métodos, dentre eles o método fônico, este tinha como objetivo, mostrar palavras, acentuando o som que se queria representar, porém, o exagero na pronúncia de consoantes isoladas o levou ao fracasso.  Para superar as dificuldades do método fônico, foi criado o método silábico, uma estratégia que visava unir consoante e vogal, ao contrário do fônico, a sílaba é apresentada pronta, sem explicitar a articulação das consoantes com as vogais. Logo depois, com a finalidade de partir de algo mais próximo da realidade da criança surge o método global, pois a letra e a silaba isoladas de um contexto dificultam a percepção, pois são elementos abstratos para o aprendiz. Acreditava-se que considerando a realidade da criança, o processo de alfabetização de tornaria significativo. Depois da criação do método da palavração, foram criados os métodos da sentenciação e aqueles que partiam de contos e da experiência infantil. Os métodos foram divididos em dois grupos os analíticos e os sintéticos. Os métodos de soletração, fônico e o silábico são de origem analíticos e os métodos da palavração, sentenciação ou os textuais são de origem sintéticos.
Um método que é utilizado até os dias atuais é a cartilha, ela surge da necessidade de material para ensinar as crianças a escrever, muitos acreditam que esse é um método eficaz na alfabetização, porém, ele apresenta falhas, que continuam sendo reproduzidas em sala de aula, as cartilhas apresentam atividades de forma mecânica e descontextualizada, que visam somente a memorização, trazem textos artificiais. Com a evolução do conhecimento percebeu-se que o uso das cartilhas se tornou insuficiente para atender as exigências da sociedade, não basta que o aluno apenas codifique e descodifique sinais, há a necessidade de se comunicar plenamente, através da escrita. Assim, após o estudo da alfabetização através do uso das cartilhas, percebeu-se que esse processo se dá de forma inadequada e artificial, o uso das cartilhas não dá espaço para a fala da criança. Sob o ponto de vista da escrita, ela se resume apenas a cópias e não há espaço para produções espontâneas que incentivem o gosto pela escrita, o aluno não tem liberdade de expressar o que pensa e no que diz respeito a leitura, ela se reduz a inibir o gosto pela leitura.
No segundo capitulo, os autores apresentam as contribuições dos aspectos linguísticos para a alfabetização da psicogênese da língua escrita de Emília Ferrero e Ana Teberosky e relatam as consequências que os equívocos da teoria construtivista causam. As autoras afirmam que as crianças constroem seu próprio conhecimento, e que o processo de aprendizagem passa por etapas com avanços e recuos, até dominar o código linguístico, descrevem que o aprendiz formula hipóteses a respeito desse código, percorrendo um caminho que pode ser representados nos níveis: pré- silábico: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada; silábico: interpreta de sua maneira, atribuindo valor a cada sílaba; silábico-alfabético: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de cada sílaba e alfabético: domina o valor das letras e sílabas.
Segundo Ferrero e Teberosky a escrita é uma reconstrução real e inteligente, construído pela humanidade e pela criança que se alfabetiza. Ainda segundo as autoras, as crianças são ativas e constroem seu próprio conhecimento, o processo de aprendizagem passa por etapas com avanços e recuos e a aprendizagem da escrita inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por vários e diferentes caminhos.
Um dos equívocos que os autores trazem é a exclusão da experiência silábica do professor, pensando que de tal forma estará combatendo as atividades mecanicistas no âmbito da sala de aula, tal atitude traz danos a alfabetização, pois a partir da divisão da palavra e da composição de novas palavras através das silabas leva o aluno a perceber que a palavra escrita é a representação da palavra falada.   Os autores apontam as principais consequências dos equívocos que decorrem da má interpretação da Psicogênese da Língua Escrita. A primeira delas é a confusão a partir de Alfabetização ou Letramento, os dois são processos diferentes, e é muito importante defini-los, porque a partir desse conhecimento o professor terá condições de decidir qual será sua metodologia de ensino. Nesse sentido, alfabetizar significa ensinar uma técnica, a técnica do ler e do escrever; letramento refere-se aos usos da leitura e da escrita por alguém que já domina o código. Sendo assim, alfabetização e letramento constituem dois processos distintos, porém indissociáveis, é essencial alfabetizar letrando.  Outra consequência é acreditar que para trabalhar com a realidade dos educandos o importante seria trabalhar com rótulos, embalagens, panfletos publicitários, mas o que predominou na alfabetização foi o uso da literatura infantil, com o pretexto de contextualizar o trabalho, porem, nem todas as crianças tem acesso as historias da literatura infantil, ou seja, esses textos não fazem parte da realidade daqueles que não tiveram acesso a esses tipos de textos. Acreditar que os alunos aprendem só de olhar o professor escrever no quadro é outra consequência,  a historia que o professor contasse deveria ser recontada no quadro, pois dessa forma o aluno aprenderia a escrever. Mais uma das consequências é a ideia de que a criança aprende sozinha, o professor não precisa ensinar e que não precisava desenvolver um trabalho sistemático, e  é preciso que o professor trabalhe sistematicamente para que o aluno aprenda a escrever, no entanto, dificilmente se encontram professores que conseguem desenvolver um trabalho sistematizado. É muito comum vermos o professor pedir que o aluno escreva do seu jeito e isso é outra consequência gerada a partir da má interpretação da Psicogênese da Língua Escrita, isso garante que o aluno escreva sem medo, mas o principal problema aí é a distancia que há entre o trabalho do nível pré- silábico para o nível alfabético. Outro discurso comum de ser encontrado é o de que o professor não deve corrigir o aluno, não é o corrigir que não pode, mas sim a maneira como é corrigido, a correção é necessária e deve ser feita na presença do aluno e quando ele estiver atento. O salto entre atividades de nível pré-silabico para as de nível alfabético é mais uma das consequências, nas atividades de nível pré-silabico desenvolver basicamente o reconhecimento das letras de seu nome; já nas estratégias de nível alfabético, trabalha-se as palavras inteiras e o aluno é incentivado até a produzir textos, dentro desse contexto, muitos professores se desesperavam pois em nenhum dos níveis eram trabalhados a composição das silabas, isto fazia com que os alunos reconhecessem as letras, porém não sabiam o que fazer com elas para formar novas palavras, assim, podemos afirmar que o não ensino da sílaba traz sequelas á escrita dos alunos. Mas faz se necessário esclarecer que não é a silabação feita pelas cartilhas. E por fim, temos o preconceito contra a sílaba, que por ignorância dos princípios linguísticos pertinentes da alfabetização, a escola tem deixado de trabalhar esse aspecto, a sílaba, que é específico da alfabetização. Como base nos equívocos e na consequência destes, notamos a urgência de adotar uma metodologia adequada para alfabetizar as crianças em nosso país.
Segundo Magda Soares, todos tem uma bela teoria construtivista da alfabetização, mas não tem método. E é preciso ter as duas coisas: um método fundamentado numa teoria e uma teoria que produz um método.   Nesse sentido, a teoria construtivista e o Método Paulo freire se mostraram coerentes e eficazes, refutando a falsa ideia de que essa teoria é incompatível com esta metodologia.
No capítulo três, os autores abordam o método de Paulo freire explicando-o e como se diferencia do método fônico. Antes de se apresentar os passos, faz-se necessário conceituar “palavra geradora”, palavra que é extraída do vocabulário dos aprendizes, da realidade deles, e através da decomposição das sílabas e pela sua combinação, são geradas outras palavras. Quando falamos em alfabetização, ao ouvir a palavra método nota-se uma certa rejeição, devido ao domínio dos métodos ao longo da história, os quais limitavam as crianças e as submetiam a processos incoerentes, desvinculados da realidade. No entanto, não devemos ver o Método Paulo Freire da mesma maneira, pois, embora tenha passos a serem desenvolvidos, ele não impede que o aprendiz reflita livremente sobre o conhecimento, ao contrário, ele faz com que o aluno reflita e desenvolva a criticidade a partir de sua realidade.
  Através do método Paulo freire de Alfabetização busca-se garantir que nos primeiros passos “codificação” e a “descodificação” transforme a consciência de seu alfabetizando de forma critica por meio da leitura de mundo; a codificação permite que o professor conheça através do diálogo os conhecimentos que o aluno já possui, em outras palavras é a representação da realidade expressa a partir da palavra geradora, é quando é dado ao aprendiz o direito à vez e à voz; a descodificação é quando o professor questionará, trazendo novos conhecimentos com base nos conhecimentos levantados na codificação, fazendo com que o aluno reflita e cresça criticamente, ou seja, é a releitura da realidade expressa para superar a ingenuidade de ver e compreender o mundo. É importante salientar que se em um processo de alfabetização exclui os passos da codificação e da descodificação o ensino se tornará mecânico. O terceiro passo do Método Paulo Freire é a análise e síntese da palavra geradora, tem como objetivo levar o aluno a descoberta de que a palavra escrita representa a palavra falada, através da divisão silábica da palavra, apresentando suas famílias silábicas, seguida da junção das mesmas para formar outras palavras, para que assim o educando possa entender o processo de composição e significados das palavras, por meio da leitura e da escrita.  O ultimo passo deste método é a fixação da leitura e da escrita, é quando é feita a revisão da analise das silabas da palavra e apresentação de suas famílias silábicas, para o aluno formar novas palavras com significado e para compor frases e textos, com leitura e escrita significativas. Nestes passos vemos o avanço desse método se compararmos com o fônico, visto que a analise e síntese vem de uma palavra real. Enquanto Freire desenvolve uma consciência da silaba, o fônico busca a percepção do fonema através de atividade contraditório ao próprio conceito de fonema, pronunciando consoantes isoladas, acrescentando silabas artificiais.
Na escolha das palavras geradoras, é preciso investigar a fala da comunidade a fim de levantar o universo vocabular, tendo em vista que estas palavras serão extraídas desse universo, o que asseguram as primeiras palavras geradoras são atividades orais. É fato que a linguagem dos membros de uma determinada comunidade é condicionada pelo seu nível socioeconômico e cultural. Nesse sentido, o alfabetizador não discriminará o aprendiz, respeitar a variedade, partindo da fala do próprio aluno, transcrevendo-a, para ajuda-lo a dominar o dialeto padrão, trabalhando assim, as diferenças. Só a partir daí é que os alunos serão submetidos aos passos deste método.
No último capítulo, os autores trazem modelos de estudo de palavras geradoras com exemplos e amostras de atividades freirianas de alfabetização para crianças, jovens e adultos com todos os passos do Método Paulo Freire.
Em suma, para reverter esse quadro de fracasso, faz se necessário métodos e estratégias eficientes de alfabetização, mas para isso, é preciso ter conhecimento tanto da teoria como da prática, pois quem conhece apenas uma ou outra, conhecerá apenas a metade e ninguém ensina o que não sabe. Outro fator importante é a formação científica que o alfabetizador não vem recebendo, que não o possibilita atuar criticamente. Sendo assim, há necessidade da tomada de medidas urgentes e eficazes de metodologias que realmente alfabetizem com competência. Sendo assim, o método sociolinguístico constitui uma alternativa para estancar o fracasso da alfabetização no Brasil, isso porque como vimos ele tem fundamentação sociolinguística comprovada, que alfabetiza através da codificação e descodificação que desenvolve a consciência social; através do exercitação da consciência silábica e alfabética, para formar cidadãos críticos e participantes comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa. Acredito todo estudante com formação em Pedagogia deveriam ler ou ter esse livro, pois traz conhecimentos que podem transformar a educação no nosso país.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MENDONÇA, Onaide Schwartz. Alfabetização: o método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire./Onaide Schwartz Mendonça, Olympio Correa Mendonça. – 3 ed. – São Paulo: Cortez, 2009.

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