A importância de
conhecer as fases da escrita da criança
A aprendizagem é um processo que se dá ao longo de toda
a vida do ser humano, mas para que o ser humano adquira novos conhecimentos ele
precisa de uma base, que o ajudará a desenvolver e absorver novos conhecimentos
sempre que algo novo for aprendido. E na aquisição da escrita não é diferente,
a criança traz consigo experiências relacionadas a esse tipo de linguagem; ela
não entra neste processo sem conhecimento anterior. A aprendizagem da escrita
inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por vários e
diferentes caminhos. As primeiras escritas das crianças no
início da aprendizagem devem ser consideradas como obras de grande valor, pois
seus esforços foram colocados no papel representando algo.
É
notório que o fracasso da educação no Brasil hoje não está ligado apenas a
problemas estruturais das escolas, como a falta de material, bibliotecas,
livros, e os baixos salários dos professores, mas também a uma forte ligação no
que diz respeito teoria e prática. Neste sentido, para reverter esse quadro de
fracasso, faz se necessário métodos e estratégias eficientes de alfabetização,
mas para isso, é preciso ter conhecimento tanto da teoria como da prática, pois
quem conhece apenas uma ou outra, conhecerá apenas a metade e ninguém ensina o
que não sabe. Outro fator importante é a formação científica que o
alfabetizador não vem recebendo, que não o possibilita atuar criticamente.
Sendo assim, há necessidade da tomada de medidas urgentes e eficazes de
metodologias que realmente alfabetizem com competência. Uma
alternativa oferecida para superar o fracasso da alfabetização é através da
implementação do Método Sociolinguístico, que propõe uma nova forma de
alfabetização infantil. Entende- se
Método como sistematização e organização do trabalho docente. É
"Sócio", porque desenvolve efetivamente o diálogo no contexto social
de sala de aula, e é "Linguístico" por trabalhar o que é específico
da língua: a codificação e decodificação de letras, sílabas, palavras, texto,
contexto, e desenvolver as habilidades para ler e escrever,etc.
O
que vemos hoje em dia na aprendizagem inicial da criança são práticas baseadas
na junção de sílabas simples e memorização de sons e copias, fazendo com que a
criança não participe do processo de construção do conhecimento. Neste sentido,
segundo Emília Ferreiro, a crianças são ativas e constroem seu próprio
conhecimento, e que o processo de aprendizagem passa por etapas com avanços e
recuos, até dominar o código linguístico. Em sua obra Psicogênese da Língua
Escrita, a autora afirma que toda criança passa por quatro fases até a sua
alfabetização:
·
Pré- silábica: não consegue relacionar
as letras com os sons da língua falada;
·
Silábica: interpreta de sua maneira,
atribuindo valor a cada sílaba;
·
Silábico-alfabética: mistura a lógica da
fase anterior com a identificação de cada sílaba;
·
Alfabética: domina o valor das letras e
sílabas.
Em um estudo feito com Maria Cecília de três anos e
dois meses, foi solicitado que esta escrevesse as palavras que lhes fosse dita,
a princípio houve uma resistência, a criança alegou não saber, mas ao incentivá-la,
ela começou a escrever, ou melhor, a desenhar. Após analisar a atividade
realizada e de acordo com o que foi estudado em sala de aula, identificou-se
que essa criança encontra-se na fase de Hipótese Pré-silábica, onde a criança
supõe que a escrita é outra forma de desenhar ou de representar coisas e usa
desenhos, garatujas e rabiscos para escrever. Esta fase tem como características:
escrever e desenhar tem o mesmo significado; não relaciona a escrita com a
fala; acredita que coisas grandes têm um nome grande e coisas pequenas têm um
nome pequeno. Como se pode ver na imagem
abaixo:

Dessa forma, através das teorias
estudadas e da atividade prática realizada, podemos concluir,
afirmando que é essencial que todo professor alfabetizador sonde a escrita da
criança, pois esta sondagem permite conhecer as hipóteses que a criança tem a
respeito da linguagem, de maneira que o professor esteja apto a fazer mediações
que possibilitem a construção alfabética da escrita de maneira efetiva. Saber analisar e entender o
processo de compreensão e representação da escrita de um indivíduo é de suma
importância para o desenvolvimento e aprendizagem enquanto estudante e futura
educadora.
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