domingo, 28 de agosto de 2016



Recomeçando...

Depois de um longo período de “angústias”: PIBID, fica, não fica... chegou a hora de voltar as atividades no “chão da escola” e antes que começássemos a nos articular e a programar a primeira intervenção de 2016, a professora Ivana achou por bem mudar os grupos, fazendo uma nova formação em cada equipe, de maneira que passássemos a interagir e a nos articular mais com outros bolsistas do grupo.
Bom, para começarmos as nossas intervenções de 2016  foi proposto que iniciássemos com uma oficina. Daí nos reunimos cada qual com o seu novo grupo para que fosse escolhido o tema e a estratégia com os quais iríamos utilizar.  Então decidimos que trabalharíamos com a leitura e a releitura das obras de Romero Brito. Essa ideia partiu de uma inquietação que nos foi posta em outro momento, na aplicação da oficina “Descobrindo a arte nas asas da leitura” que tinha como estratégia também as obras deste artista.
Decidido este ponto, reelaboramos o projeto e então partimos para o planejamento, parte de suma importância para se executar uma determinada atividade pois este nos dá uma maior garantia de se obter bons resultados e sobretudo, com qualidade. A esse respeito Luckesi afirma que “o ato de planejar é um ato decisório, político, científico e tecnológico. (...) toda e qualquer ação depende de uma decisão filosófico-política. Essa decisão dá a direção para onde vai se conduzir a ação. (1994, p.29).” Ou seja, os planos dão um norte para o professor para que ele não se perca durante o desenvolvimento de suas atividades, porém, é importante destacar que o planejamento não pode ser reduzido a algo estático e que o docente deve estar ciente de que por ser um ambiente complexo, há na sala de aula a existência de possíveis imprevistos e o professor tem que ter um “plano B” e agir de forma rápida para não atrapalhar o andamento da aula.
 Ainda sobre planejar e segundo Vasconcellos (2000), o planejamento deve ser compreendido como um instrumento capaz de intervir em uma situação real para transformá-la.  Posso dizer que nesses momentos de planejamento tenho aprendido muito e adquirido muitos saberes.
 Após finalizado o planejamento e as atividades, partimos para o “chão da escola”, momento onde podemos de fato atrelar a teoria à prática, refletindo e transformando nossas ações. Dando conta do que deu certo, do que não deu, onde mudar e o que não mudar.
Bom, iniciamos a aula com a atividade de rotina: oração, chamada e leitura do alfabeto. Em seguida, apresentamos a biografia de Romero Britto e realizamos os alguns questionamentos, parte muito significativa, pois é o momento onde dá voz e vez ao educando, trazendo os seus conhecimentos prévios, pois a partir destes o professor poderá conhecer um pouco mais do capital cultural de seu alfabetizando para assim intervir de maneira significativa. Seguimos a aula com a apresentação de algumas obras de Romero Britto, dando ênfase a obra do coração a partir da qual foi tirada a palavra geradora. Depois assistimos a um vídeo, falando a respeito do órgão coração, para que eles adquirissem um maior conhecimento partindo desta palavra. Logo depois fizemos análise linguística, fazendo o reconhecimento da palavra geradora CORAÇÃO escrevendo-a no quadro, apresentamos as sílabas que compõem a palavra, separando as sílabas da palavra geradora, apresentando a família silábica e formando novas palavras. Finalizamos com a aplicação das atividades xerografadas. Como havia sobrado um tempo, tivemos que pensar numa atividade para dar conta do horário, daí trabalhamos dentro da mesma perspectiva das artes de Romero Brito, com a pomba, onde eles desenharam sua mão num papel oficio e em seguida coloriram de acordo as obras do artista trabalhado.
Neste sentido, podemos ver como é importante que o professor tenha consciência de que que o planejamento é flexível e não algo estático isso porquê mediante as situações-problemas que aparecem em sala de aula o docente terá que agir de forma rápida, readaptando seu plano para que não atrapalhe o andamento da aula, como foi colocado mais acima.
No segundo dia, começamos com a atividade de rotina e em seguida, relembramos um pouco do que foi tratado no dia anterior e a palavra geradora. Depois fizemos a pintura das obras expostas onde eles deveriam fazer a releitura e reproduzir ou fazer a sua própria arte dentro das características das obras do artista. Um dilema presenciado em sala de aula foi quando um dos alunos achou que sua pintura não ficou do jeito que ele queria e então pôs-se a chorar, neste momento confesso que fiquei meio que de “mãos atadas”, sem saber exatamente o que fazer, mas uma das colegas bolsistas juntamente com a pró resolveram a questão.
A respeito dos dilemas podemos dizer que estes são conflitos que encontramos no cotidiano da sala de aula, estes funcionam com instrumentos para a melhoria dessa. Assim, de acordo com Zabalza (2003) os dilemas sempre irão surgir nas salas de aula e o professor mais que nunca deve sentir-se preparado para fazer escolhas. Os dilemas são geralmente opções que devemos escolher e muitas vezes estas opções são adversas, e o papel do educador na escolha do “pólo” considerado correto, é essencial, estando ciente, é claro, dos pontos positivos e negativos que advir da determinada opção escolhida. 
Neste contexto, percebo a cada dia, a cada nova intervenção que a sala de aula é um ambiente complexo e carregado de conflitos que se transformam em desafios para a minha profissão, desafios estes que me fazem crescer enquanto aspirante a pedagoga, ganhando experiência e adquirindo novos saberes, assim, a sala de aula e o âmbito escolar se constitui como espaços de aprendizagem.
A realização dessa oficina foi bastante rica, foi um momento de reencontros, onde adquirimos novos conhecimentos, onde pudemos compartilhar saberes. Confesso que de início senti um pouco de estranhamento, acredito que isso se deu por conta da nova formação do grupo, mas acho bom ter essa nova experiência de se trabalhar com outros colegas que tenham diferentes metodologias. Além do que já foi posto, foi muito bom reencontrar os educandos e perceber que eles ainda se lembram de mim com o mesmo carinho, fiquei feliz em perceber o avanço deles, alguns antes reconheciam somente algumas letras do alfabeto e hoje reconhecendo todas elas. Isso mostra que o nosso trabalho em conjunto com o da pró Josiene tem dado “bons frutos” e, isso me dá forças e ânimo, mesmo diante da atual situação da educação no nosso país para continuar neste caminho.
Em suma, quero destacar também a importância da formação enquanto professor reflexivo, onde o docente vai aos poucos construindo conhecimento, através da reflexão, analise e problematização. No momento em que faço a minha intervenção e me sento para escrever sobre a minha prática, passo a refletir sobre a mesma, pensando nos acertos, nos erros, e assim melhorar a minha ação. Nesse sentido Cabral (2008) corrobora que a partir da reflexão dos desafios colocados pela docência é que se garante a construção de novos saberes, mas em consonância com a teoria, pois esta nos oferece diferentes aspectos para se analisar a nossa prática.